Obras, reformas e escassez: Belém vive corrida por imóveis antes da COP 30

Cidade tem aquecimento de setores ligados às construções e reformas em imóveis, além de alta em preços e escassez de mão-de-obra.

Faltando menos de seis meses para a 30ª Conferência do Clima da ONU (COP 30), marcada para novembro, Belém já sente os impactos do evento no setor da construção civil. A cidade passa por uma verdadeira corrida por reformas e novas obras, impulsionada pela expectativa de receber cerca de 50 mil visitantes — número que pode se aproximar dos 60 mil.

Além das grandes obras públicas em andamento, os investimentos privados também disparam. Proprietários de imóveis estão reformando casas, construindo anexos e atualizando a estrutura de seus espaços com um objetivo claro: lucrar com aluguéis durante a conferência. Isso aquece diversos setores — de materiais de construção a arquitetura e decoração — e pressiona a oferta de mão de obra na capital.

Francisco Caxias, mestre de obras, é um dos profissionais que sentiu a mudança. Ele conta que está com mais serviço do que consegue dar conta. “Um cliente chama pra cá, outro chama pra lá. Estou com oito quitinetes para entregar e a procura só aumenta”, relata.

Ricardo Garcia, arquiteto responsável por uma das obras, confirma que a falta de profissionais se tornou um desafio. “Está cada vez mais difícil contratar. Os preços subiram, e quem oferece mais consegue levar o pedreiro, o pintor, o eletricista…”, explica.

Com o mercado aquecido, o reflexo chega também ao comércio. Em uma loja de móveis e acabamentos, por exemplo, a procura por produtos como pisos e revestimentos cresceu 25% em 2025. O movimento é resultado direto da expectativa de lucrar com hospedagens temporárias para a COP.

Hoje, a região metropolitana de Belém conta com cerca de 24 mil leitos — número ainda distante do que será necessário. Essa realidade tem levado muitos moradores a investirem em imóveis alternativos, adaptando espaços para aluguel de curto prazo.

O clima é de oportunidade, mas também de pressão. O crescimento repentino desafia a cidade a se reinventar para atender à demanda. E mesmo depois da COP 30, os impactos prometem se estender, deixando marcas duradouras no urbanismo e na economia local.

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